O sonho começou na estação de ônibus.
Parecia ser um dia de feriado e só quatro pessoas estavam trabalhando na estação. Um dos motoristas estava muito bravo por ter sido escalado para fazer as piores viagens. As pessoas passavam de uma plataforma para a outra tentando descobrir qual ônibus sairia primeiro. Eu estava carregando uma sacola de mercado. Um amigo apareceu do meu lado carregando uma sacola também. Às vezes ele estava por perto, às vezes eu estava sozinha. Entramos no ônibus juntos. Estávamos quase chegando no ponto onde desceríamos quando percebi que tudo o que tinha na sacola do meu amigo estava espalhado no chão. Ele disse que podia deixar do jeito que estava. Desci do ônibus.
Mas estava no ônibus outra vez. A disposição dos bancos fazia parecer um vagão de metrô. Sentei de frente para o corredor e abracei minha mochila para tentar dormir um pouco. À minha direita, dois homens discutiam. Quando um deles disse que "esse deve transar pouco porque é muito amargurado", o outro sacou uma arma e começou a atirar. Os tiros saiam no mesmo ritmo de um ventilador Mondial de R$ 70,00: uma salva de tiros para lá, uma salva de tiros para cá. Não sabia se me colocava na linha de tiro para morrer de uma vez ou se tentava me esconder. Acabei não fazendo nada. O atirador deu um último tiro na própria cabeça e eu não sabia se tinha sido atingida ou não. O chão estava coberto de uma gosma rosa.
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