control (2008)

Control (2007) é um filme sobre a vida e a morte de Ian Curtis (1956 - 1980), vocalista da banda inglesa de pós-punk Joy Division. O filme foi rodado em preto e branco e dirigido por Anton Corbijn. O roteiro foi escrito por Matt Greenhalgh e se baseia no livro Touching from a Distance, escrito pela esposa de Ian Curtis, Deborah, que também co-produziu o filme. 

Trailer - Assista na MUBI

Antes de assistir, eu já conhecia a história do Ian Curtis - e acho que o filme vai ser muito desinteressante para quem não sabe quem ele é. Não tem história mirabolante, plot envolvente ou uma grande reflexão/lição de moral: é apenas o retrato da vida de um homem epiléptico que se matou muito jovem. Retrato que, nesse caso, foi tirado pela esposa de Curtis, Deborah.

Deborah também era muito jovem quando tudo aconteceu e tenho a impressão de que ela se apegou a uma versão romantizada da morte dele. Pelo que li em entrevistas, ela afirma que Ian se matou porque tinha remorso por tê-la traído com a jornalista Annik Honoré. É uma visão que fica bem clara no filme, que dá bastante destaque para a farra pós-show e para os momentos em que a Annik estava com a banda. Entretanto, essa visão é reducionista e não explora outros aspectos cruciais da vida do músico: o quanto ele odiava o trabalho burocrático que exercia antes da Joy Division, o medo de ter uma crise epiléptica em cima do palco, a frustração de não poder carregar sua filha recém-nascida, a overdose de remédios que precedeu sua morte, etc.

O ponto alto do filme é a fotografia, principalmente para quem já conhece os detalhes da história. Também achei legal terem gravado em preto e branco, fazendo alusão às capas dos álbuns da Joy Division.

créditos da foto

Não tenho nenhuma vontade de ler Touching from a Distance, livro escrito pela Deborah que inspirou o filme, mas recomendo fortemente a leitura do So This Is Permanence, uma coletânea de letras e anotações diversas do Ian. A curadoria dos materiais publicados no livro foi feita pela Deborah, claro. Depois que ele se matou, ela ficou responsável por cuidar de tudo o que era dele, inclusive da narrativa da sua vida e morte (como podemos perceber assistindo ao filme). Entretanto, acho que esse é o mais próximo que podemos chegar do Ian-artista sem esbarrar no Ian-marido-safado-que-tá-me-traindo-com-aquela-jornalista-vagabunda. A edição desse livro em capa dura é um dos meus sonhos de consumo mais antigos, mas não tenho coragem de pagar mais de um salário mínimo em um livro.

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