liability

O melhor ciclo de vida que existe é o das tartarugas marinhas.

Elas botam os ovos na praia, enterram e é isso: cada um por si. Não tem trauma geracional porque elas não sabem de onde vieram. Não tem criança interior ferida porque não tinha nenhuma figura parental para as rejeitar, abandonar, humilhar, trair ou injustiçar. Elas não precisa conviver com a pressão das expectativas de um progenitor, muito menos com os penduricalhos familiares e suas perguntas invasivas.

As tartarugas marinhas nascem com a liberdade de morrer na praia ou continuar a caminho do mar. Podem mergulhar para a direita, para a esquerda ou seguir em frente. Podem se reproduzir sem o compromisso de encontrar um pai presente ou uma mãe equilibrada, vivem sem carregar o peso de guiar outro ser pelos caminhos da vida. Elas nadam para o alto-mar, onde podem explorar a imensidão azul por longas horas, mas param para contemplar o céu de tempos em tempos. Voltam à praia e voltam ao mar como bem quiserem.

link da imagem

São responsáveis por si e por mais ninguém. Vivem o equilíbrio perfeito entre autoridade e responsabilidade. São livres, de fato, e, de fato, vivem. Engolem canudos tanto quanto como microplásticos e provavelmente serão extintas antes de serem submetidas às longas e morosas etapas restantes do fim do mundo iminente.

Queria ser uma tartaruga marinha.

0 comentários